DES-ENCONTRO COM ROGER SMITH, OU O MUNDO GLOBAL VISTO DO LADO DE LÁ
No final da década de 1980, a montadora de automóveis General Motors decidiu fechar suas fábricas nos Estados Unidos para tornar-se "mais competitiva" no mercado. Como consequência, a cidade natal do jornalista Michael Moore, Flint/Michigan, seria devastada e considerada pela imprensa a pior cidade do país para se morar.
Procurando um meio de remediar tal tragédia ou pelo menos uma explicação razoável para ela, Moore passa o filme inteiro (cerca de 1 ano) tentando conversar com o presidente da empresa, Roger Smith.
O primeiro documentário de longa-metragem de Michael Moore estabelece uma lógica de raciocínio que permeia todo o seu trabalho: as perguntas ingênuas são as melhores perguntas! São as mais reveladoras.
Nesse sentido, seu humor trabalha na linha do “se perguntar não ofende...” Assim ele viaja pra onde for necessário para obter respostas para alguns problemas que observa nos EUA. Em Roger & Eu, Michael descobre que a GM está transferido suas montadoras para o México porque lá o custo da mão-de-obra é de centavos de dólar/hora. Mesmo sabendo que isso desempregaria diretamente 30 mil americanos, os executivos da GM declaram que Roger Smith é um ser humano maravilhoso e desejam ao povo de Flint muito boa sorte.
Na festa de Natal da GM, em 1988 ano em que ocorrem as demissões, Smith cita Charles Dickens para transmitir uma mensagem de paz. Engraçado, para quem não sabe, Dickens é o autor do famoso conto Cântico de Natal no qual o empresário sovina Ebenezer Scrooge recebe em sua casa os espíritos dos natais passado, presente e futuro. Qualquer identificação seria mera semelhança?
Em um documentário, a escolha do material que vai entrar na versão final do filme é crucial. Em Roger & Eu, as escolhas de Michael Moore foram muito acertadas. Destaque para a mulher criadora de coelhos – que imagem!
Título Original: Roger & Me
Direção: Michael Moore
País: EUA / Idioma: Inglês
Ano: 1989
Duração: 91 min.
P.S.: Segundo a Wikipédia, a multinacional GM recebeu 13,4 bilhões de dólares do governo americano, no final de 2008 "para resolver seu problema de liquidez" decorrido da crise econômica, "mundial", se vista pelo lado de lá.