Tentando apreender o fenômeno foco do nosso festival, constatamos que a globalização não é uma, mas muitas. Como discutir as suas tantas facetas tornou-se o nosso desafio. Sendo impossível explorar todas as perspectivas em uma única mostra, decidimos que a primeira edição do festival globale no Rio de Janeiro será organizada pelos eixos temáticos abaixo.
Se você tem um filme que discute esses temas, prepare-se porque as nossas inscrições já vêm aí!
- Territorialidades, meio ambiente e conflito: O avanço da fronteira de exploração de recursos naturais produz uma série de alterações nas formas de ocupação e uso do espaço, que resulta na desestabilização de formas de produção relativamente autônomas, responsáveis pela conservação da biodiversidade e dos recursos ambientais. Em cada país, tem sido múltiplas as respostas: populações indígenas, comunidades quilombolas, pequenos produtores rurais, pescadores e extrativistas reafirmam e recriam suas identidades, ressignificando seus territórios e colocando em debate o modelo de produção e consumo. Nas cidades, grupos organizados também discutem e enfrentam as conseqüências negativas da degradação ambiental através de ações de solidariedade com populações afetadas e da busca de soluções que questionam o modelo de desenvolvimento capitalista, apresentando alternativas sustentáveis à crise ambiental.
- Terrorismo poético: “Entre num banco 24 horas e cuspa fogo. Instale cápsulas alienígenas em praças públicas. Rapte alguém e faça-o feliz”. Terrorismo Poético são formas e expressões de mobilização e difusão de arte, não-violentas, descategorizadas de qualquer estrutura convencional de consumo. O ato induz reflexão sobre todo o processo de integração econômica, cultural, social e política ocorrida com a globalização. Com isso, artistas podem maximizar a noção de liberdade e provocar mudanças de paradigma. Terrorismo poético é arte e ativismo. É transformação social.
- Cidade global: O termo Cidade Global surgiu em 1991, na obra da socióloga holandesa Saskia Sassen. O conceito se aplica às metrópoles que são referência para o capital internacional em suas regiões. Os filmes inscritos neste eixo falam tanto sobre as cidades que se encaixam nessa ideia quanto sobre as cidades que sofreram ou estão sofrendo grandes transformações para abrigar megaeventos internacionais - como as sedes da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, e o Rio de Janeiro. Quais são os impactos sobre as populações desses lugares e suas adjacências; quem são os principais beneficiados com esses processos?
- Ações midiáticas contra hegemônicas: Iniciativas que questionam a cobertura jornalística da mídia hegemônica, apresentando um ponto de vista alternativo das lutas populares; registros de ações invisibilizadas pela mídia; também registros de iniciativas midiáticas comunitárias, populares, alternativas, livres e/ou radicais no marco da luta pelo direito humano a comunicação.
- Muros e Furos: Os filmes deste eixo tratam das barreiras construídas para impedir o fluxo de pessoas entre países ou regiões de conflito de qualquer natureza (militar, econômico, religioso, etc.). Desde a Muralha da China, aos muros de Berlim, Israel/Palestina, EUA/México, os chamados muros da vergonha não são apenas as estruturas físicas. Complexos sistemas legais - e ilegais – para imigração, os muros também atuam como barreiras invisíveis. No entanto, sempre há alguém disposto a furar esses esquemas com muita coragem e criatividade.
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